segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Aprendendo sempre

Irmão Hugo Bruno Mombach, FSC (*)

Convite aceito para ser colunista do jornal Tribuna Livre

Como resultado da visita que fiz aos primos Cláudio e Jussara Feiden nos primeiros dias de janeiro ao escritório da Imobiliária Atlanta Bela Vista, além de outras frentes de atuação, também responsável pelo semanário Tribuna Livre, veio o convite para colaborar no jornal com uma coluna semanal ou quinzenal. Em resposta ao Cláudio, falei: “Você se antecipou. Eu ia lhe perguntar se eu poderia escrever no jornal onde sua irmã é diretora. Convite aceito”.

Então, “bora lá”, como falam os jovens dos novos tempos. O título geral está lá no alto da coluna, que estou retomando, pois a criei e mantive nas duas últimas décadas do século passado em dois jornais semanais, um em Carazinho/RS (Diário da Manhã) e outro em Medianeira/PR (Mensageiro).

Ao dar título à minha coluna – “Aprendendo sempre” – me inspirei num ditado popular que meu pai José Augusto Mombach repetia seguidas vezes: “Man wird alt wie eine Kuh, aber lernt immer noch dazu” (A gente envelhece como uma vaca, mas sempre aprende algo novo). E nos dias atuais esse dito se torna cada dia mais atual, real e verdadeiro.

Renovação é a palavra de ordem para a vida consagrada

http://crbnacional.org.br/wp-content/uploads/2020/01/DOM-jO%C3%83O-300x168.jpeg“Renovação: esta é a palavra de ordem quando o assunto é a vida consagrada”

(Cardeal brasileiro em Roma para o Vatican News).

Na 1ª semana de janeiro corrente o Cardeal João Braz de Aviz, atual prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica no Vaticano e Arcebispo-emérito de Brasília, fez um balanço do ano que passou, anunciando três grandes eventos para 2020: a) um encontro mundial sobre o diálogo entre os carismas históricos e atuais; b) um congresso internacional em Ávila, na Espanha, para os Institutos Seculares; c) e um encontro mundial sobre a Ordem das Virgens. Em entrevista ao Vatican news, o Cardeal Braz de Aviz afirmou: “Nós estamos num momento da vida consagrada de repensamento: os carismas dados à Igreja são dons, têm um valor e um sentido em si muito grande, seja os carismas históricos, seja os novos carismas que estão chegando”.

Ao referir-se aos carismas históricos, Braz de Aviz sinalizou que “todo o problema é a sua renovação. Hoje, a questão da abertura ao diálogo com a cultura deste momento é fundamental, mas sem perder neste diálogo os valores típicos da vida consagrada: o seguimento de Cristo – ponto fundamental da formação na vida consagrada –, o seguimento do carisma dos nossos fundadores, e esta capacidade constante de se renovar, dialogando com a cultura do momento”.

E como é que se faz ou se precisa fazer isso? – É nossa pergunta imediata e prática. Braz Aviz explica: “O fundador viveu num outro momento histórico, que agora nós temos que atualizar. Isto é feito através da atualização das constituições, dos novos diretórios para a vida consagrada, feito sempre à luz do Concílio Vaticano II e do magistério atual. Este caminho os carismas antigos precisam fazer. Os carismas novos têm muito mais facilidade, seja em vocações, seja em presença no mundo de hoje; mas o que lhes falta muitas vezes é uma consolidação da experiência. Há uma experiência muito jovem, nova, que precisa ser consolidada; porque, se ela não tiver as características verdadeiramente da vida consagrada, ela não vai subsistir, não vai ter força para seguir em frente”.

E qual é o terceiro ponto que Vossa Eminência anunciou no começo da sua fala? Perguntamos nós junto com o jornalista do Vatican News. O Cardeal Braz Aviz responde: “É o diálogo entre essas duas realidades. Penso que tudo isso está crescendo, mas é preciso que a gente se abra para isso, crie a mentalidade do homem universal, da mulher universal que dialoga, que abre, que compreende, não em vista de ter mais espaço para o seu carisma, mas em vista de um aprofundamento da própria experiência, seja espiritual, seja carismática. Eu acho que este processo está acontecendo devagar na Igreja. E num processo de maior transparência, de maior testemunho, de um testemunho mais comunitário”.

Hemorragia da vida consagrada

Finalizando sua fala, Dom João Aviz manifestou também a preocupação de seu Dicastério com o alto número de abandonos na vida consagrada que se verifica em todas as congregações religiosas.

“Onde está o problema, por que não há esta fidelidade que continua até o final, que pára no meio da consagração? Estamos preparando inclusive um documento nesta direção para que a gente possa aprofundar. O Papa chama este fenômeno, que é bastante amplo, de ‘hemorragia’. Não é bom, é algo que não está bem centralizado e precisamos ver suas causas e encontrar remédios”.

Pra começar, seria essa minha provocação na retomada da minha coluna nesse jornal da minha terra natal. Nas próximas colunas podemos continuar a conversa, aplicando a temática a outras realidades de nossas instituições sociais, políticas, religiosas e educacionais. É pano pra muita manga!

(*) Irmão Hugo Bruno Mombach é religioso lassalista há 54 anos e jornalista profissional (Reg.4065 DRT/RS)

Publicada dia 17 de janeiro de 2020 

Nenhum comentário: