terça-feira, 23 de junho de 2009

Expectativas pelo ano sacerdotal recém iniciado

Expectativas de fiéis, religiosos e presbíteros pelo ano sacerdotal
Milhares de fiéis começaram a rezar especialmente pelos seus pastores
Por Carmen Elena Villa
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 22 de junho de 2009 (ZENIT.org) – Renovação para os sacerdotes, união para toda a Igreja, que está orando especialmente pelos seus pastores: estes são alguns dos frutos que os católicos esperam deste Ano Sacerdotal, inaugurado por Bento XVI no dia 19 de junho.
Após as Vésperas de inauguração do Ano Sacerdotal, na Basílica de São Pedro, Zenit falou com alguns fiéis – religiosos, diáconos e sacerdotes – sobre suas expectativas e propósitos para este ano.
Futuros presbíteros
O Irmão Carlos Ranninger, legionário de Cristo, procedente da Espanha, será ordenado sacerdote no próximo mês de dezembro, junto com cerca de 50 colegas seus. Ele considera como um presente da providência receber este sacramento dentro do Ano Sacerdotal.
“Este ano será um reforço para a nossa vocação. O Papa nos oferece, no Santo Cura de Ars, um modelo que realmente deu toda a sua vida por sua paróquia, que amou intimamente Jesus Cristo. Isso é o que buscávamos nós, que seremos ordenados nesta geração”, disse o seminarista em diálogo com Zenit.
“Sabemos que muita gente vai estar rezando por nós, que muitos vão estar refletindo sobre o que é o sacerdócio e que papel podemos desempenhar hoje, e isso nos oferece uma responsabilidade e um dom para receber o sacramento da Ordem, porque sabemos que Deus está muito disposto a dar inúmeras graças aos que são sacerdotes e aos que querem apoiar o sacerdócio”, garantiu o futuro presbítero.
Religiosas que oram pelos sacerdotes
Este ano também será de especial importância para muitas comunidades religiosas, entre elas as Irmãs da Santa Cruz, congregação que tem como carisma a oração pela santificação dos sacerdotes.
Uma de suas integrantes assegurou que neste ano elas esperam “fazer mais pelos sacerdotes. Orar por eles, que precisam tanto da graça de Deus. E estar em comunhão com o convite que o Santo Padre nos faz”.
Para a Irmã Maria Letícia, da Comunidade do Verbo Encarnado, este ano será “uma renovação da vida sacerdotal em benefício de toda a Igreja. Iniciamos o Ano Sacerdotal como sempre devemos fazer: rezando pelos sacerdotes que necessitam do suporte de toda a comunidade eclesial”.
Redescobrir o chamado
Por sua parte,o Pe. Paul Marie, da comunidade da Obra de Jesus, Sumo Sacerdote, acredita que este tempo será muito positivo para ele e para todos os seus irmãos: “Acho que todos nós esperamos muitíssimo, especialmente neste tempo difícil, em que a mídia ataca nossa imagem, em que há sacerdotes desmotivados, que às vezes se sentem abandonados”.
“Mas quando nos encontramos diante do Santíssimo na festa do Sagrado Coração, também nos encontramos conosco mesmos, e assim se robustece e se fortalece a convicção de que o sacerdote tem a vocação mais bela possível.”
A oração dos leigos
Será um ano que dará imensos frutos também para os leigos que procuram receber em sua vida cristã e dentro de seu cotidiano o apoio espiritual dos sacerdotes.
Assim disse o argentino Juan Caballero, casado e com 4 filhos: “Recebi o sacramento do Matrimônio graças a um sacerdote. Meus filhos foram batizados por um sacerdote. Tudo que existe de mais belo na minha família, que é a união com o Eterno por meio dos sacramentos, eu devo aos sacerdotes”.
“Por meio desses ‘outros Cristos’, recebo a Eucaristia e a Reconciliação, que me dão forças para prosseguir em minhas tarefas, como pai e cabeça da família, como profissional. Então eu me perguntei: como vou deixar de participar da inauguração do Ano Sacerdotal? Como não intensificar neste ano minhas orações por aqueles ‘bons pastores’ que dão a vida por suas ovelhas?”, assegura Juan.
A notícia é da agência Zenit, do Vaticano.

Boletim nº 35

Comunicando de Moçambique / 35
Manga Chingussura, Beira, 23 de Junho de 2009.
Olá, estimados familiares, Irmãos, amigas e amigos no Brasil e alhures!
Às vésperas da festa da natividade de São João Batista, venho partilhar com vocês novo boletim de notícias, relatando alguns eventos nos quais nós Irmãos estivemos envolvidos.
Bispos moçambicanos lançam ano sacerdotal na Beira
Domingo último, dia 21 de junho, aconteceu aqui na Cidade da Beira o lançamento do ano sacerdotal em Moçambique. A igreja paroquial de São Benedito da Manga foi a escolhida para local deste evento. Às 9 horas da manhã teve início a celebração da missa, debaixo das mangueiras, na “catedral a céu aberto”, como ouvi alguém falar. Presentes os bispos das 12 dioceses de Moçambique, cerca de 50 padres e centenas de fieis das demais paróquias da cidade. A missa foi presidida pelo novo presidente da CEM (Conferência Episcopal de Moçambique), dom Lúcio Andrice Muandula. Tivemos a sorte de contar com um bonito domingo de sol, o que favoreceu muito a presença de tanto povo e a própria celebração litúrgica, muito bonita e bem animada, que terminou às 12h30. No final da missa nosso arcebispo da Beira, dom Jaime Pedro Gonçalves, fez a leitura do Comunicado da CEM redigido pelos bispos moçambicanos durante sua assembleia extraordinária aqui na Beira.
Após a missa, seguiu-se o almoço para os bispos e padres presentes, que foi servido no alpendre da Escola João 23 (EJ23). Nos dois dias anteriores, sexta e sábado, os bispos moçambicanos tiveram uma assembléia extraordinária no Centro de Formação Nazaré, a uns 15 km aqui da nossa casa e da EJ23, onde também ficaram hospedados.
Esta semana temos duas importantes visitas
Desde sexta-feira última estamos de novo com a visita do secretário para a formação da Região Lassalista Africana (RELAF), Irmão José Manuel Agirrezabalaga. Esta já é a 3ª vez que ele vem visitar os Irmãos de Moçambique. No sábado e domingo ele passou em Mangunde, em visita aos Irmãos Domingos Faz-Ver, Felipe Angst e Roberto Carlos Ramos. Ontem teve reunião com os três Irmãos aqui do Postulado La Salle, e nessa tarde se reuniu com os três Irmãos jovens, António Luís Rosa, Gildo Alfândega e Venâncio Malôa. Irmão José Manuel retorna a Roma no próximo sábado, dia 27.
E amanhã chega de Porto Alegre o ecônomo da Província, Irmão Jardelino Menegat. Como no ano passado, ele vem para ajudar na elaboração e encaminhamento de novos projetos para nossa obra aqui em Moçambique. E aproveita também para conversar individualmente e em grupo com os Irmãos. Vai aproveitar para conversar com o Irmão José Manuel sobre os futuros passos da formação de Irmãos moçambicanos em África. Além de muitas notícias do Brasil, ele traz também algumas encomendas, como erva-mate para nosso chimarrão e remédios para quem deles já precisa. Irmão Jardelino volta a Porto Alegre na outra semana, dia 29, segunda-feira.
Dia de La Salle foi bem festejado
No dia 15 de Maio, uma sexta-feira, os alunos e professores da EJ23 festejaram La Salle, o padroeiro universal dos educadores, com uma programação especial. Os alunos da manhã realizaram sessão cívica com apresentação de danças. E os pequenos da tarde também se reuniram no amplo pátio relvado (gramado) da escola para diversas brincadeiras, danças e música. O dia foi preparado com a “Semana de La Salle”, junto com uma campanha de limpeza e reciclagem do lixo. A semana foi também ocasião para vários Irmãos passarem nas salas de aula de diversas turmas para explicar quem foi La Salle e como é a vida dos Irmãos Lassalistas, continuadores da obra educativa iniciada por ele há mais de 300 anos, na França. La Salle, amigo das crianças e jovens, rogai por nós!
Dia da Criança moçambicana alegrou petizada
Dia 1º de Junho a EJ23 estava de festa para celebrar o dia da criança moçambicana. No período da manhã, com os alunos maiores, teve aula normal. Mas à tarde, para os pequenos, não houve aula, mas muitas brincadeiras, com comes e bebes que cada criança trouxe de casa. Alguns pais e familiares também se fizeram presentes, pra aumentar a alegria da petizada. O amplo pátio relvado (gramado) da escola serviu de local para essas brincadeiras. No final da tarde, os pequenos voltaram para suas casas contentes e felizes, porque na escola o seu dia foi bem festejado! Feliz a nação que sabe valorizar as suas crianças e oferecer-lhes oportunidades de crescerem com alegria e dignidade!
Rapidinhas
· Criança africana: Terça-feira da semana passada, 16 de junho, foi dia da criança africana. Mas foi um dia comum de trabalho e atividades normais nas escolas. Na EJ23 também não houve nada de especial, mas aula normal, tanto para os alunos grandes como para os pequenos, os ‘miúdos’, como se fala por aqui!
· Feriado: Nesta semana, depois de amanhã, vai ter novo feriado no país... Dia 25 de Junho Moçambique celebra a sua data magna, a independência de Portugal, ocorrida em 1975! As festividades acontecem um pouco por todo o país, nas cidades e distritos maiores.
· Graduação: Dia 30 de Maio se graduaram bacharéis em Filosofia os jovens Irmãos António Luís Rosa e Gildo Alfândega, na Universidade Pedagógica (UP) da Beira. Mas ambos continuam a freqüentar as aulas até o final do ano, para obtenção do grau de licenciatura, em dezembro ou primeiros meses do próximo ano.
· Mestrado: desde meados de Maio passado os Irmãos Armando Manuel e Domingos Faz-Ver estão a freqüentar o mestrado em direção e gestão educacional na Universidade Católica de Moçambique (UCM). As aulas funcionam à tarde e à noite, nas terças, quintas e sextas-feiras, aqui na Beira. A duração do curso tem uma previsão de dois anos, com a apresentação da dissertação.
· Orkut: em meados de abril criei no Orkut a comunidade “Amigos da Escola João 23 Beira”. Podem fazer parte dela professores e alunos interessados do Brasil e de Moçambique. Para acessar a página, é preciso que você tenha conta, ou seja, página sua no Orkut. Se não conseguir entrar, basta copiar o endereço http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=56072936 e colocá-lo direto no navegador.
Terminando, transmito meus melhores cumprimentos, junto com meu fraternal abraço e votos de bom êxito em suas atividades de cada dia!
Irmão Hugo Bruno Mombach, fsc
Jornalista Reg. 4065 DRT-RS – E-address: hbmom47@gmail.com
Visite meu blog: http://hbmom47.blogspot.com/ e faça seus comentários.
Amigos da EJ23: http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=56072936

terça-feira, 16 de junho de 2009

Assassinado assessor da Pastoral Juvenil no Brasil

Aí vai a nota da CNBB lamentando o assassinato do padre Gisley, dos estigmatinos e assessor nacional da PJ no Brasil, "vítima da violência que ele ansiava combater".

Nota da CNBB sobre assassinato do Pe. Gisley
16/06/2009 - 15:16

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, profundamente consternada, comunica o assassinato do padre Gisley Azevedo Gomes, CSS, assessor nacional do Setor Juventude desta Conferência, ocorrido ontem, 15 de junho. O crime está sendo investigado com empenho pela Polícia com o acompanhamento dos advogados da CNBB e da Congregação dos Sagrados Estigmas (Estigmatinos) à qual padre Gisley pertencia.
Ordenado em 29 de maio de 2005, padre Gisley estava na assessoria do Setor Juventude da CNBB há pouco mais de dois anos. Comprometido com a vida da juventude, organizava, juntamente com as Pastorais da Juventude do Brasil, a Campanha Nacional contra o Extermínio da Juventude que tem como lema “Juventude em marcha contra a violência”. Lamentavelmente ele foi vítima da violência que ansiava combater.
Esperamos confiantes que o crime seja apurado com eficiência e os culpados punidos com justiça. Lembrando a Campanha da Fraternidade que realizamos sobre a Segurança Pública, reafirmamos a urgência de toda a sociedade se mobilizar para por fim à violência que ceifa vidas tão precocemente. Aos familiares e amigos do padre Gisley, à Congregação dos Estigmatinos, às Pastorais da Juventude do Brasil e aos Movimentos Juvenis a CNBB manifesta seu pesar e sua solidariedade, firmada na palavra do evangelho que nos faz crer na Ressurreição. Cremos firmemente que, neste momento, padre Gisley, atendendo à voz do Cristo que disse: “Jovem, eu te digo, levanta-te!” (Lc 7,14), nasce para a vida eterna . Que Nossa Senhora Aparecida o acolha no Reino de seu Filho Jesus.

Circular 2009 de Dom Pedro Casaldáliga

“Hoje não tenho mais esses sonhos”, diz cardeal
Dada sua importância, publico na íntegra a ‘Circular 2009’, de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da prelazia de São Félix do Araguaia. Aí vai o ótimo texto, com data de hoje, 16/6/2009.
O cardeal Carlo M. Martini, jesuíta, biblista, arcebispo que foi de Milão e colega meu de Parkinson, é um eclesiástico de diálogo, de acolhida, de renovação a fundo, tanto na Igreja como na Sociedade. Em seu livro de confidências e confissões “Colóquios noturnos em Jerusalém”, declara: “Antes eu tinha sonhos acerca da Igreja. Sonhava com uma Igreja que percorre seu caminho na pobreza e na humildade, que não depende dos poderes deste mundo; na qual se extirpasse de raiz a desconfiança; que desse espaço às pessoas que pensem com mais amplidão; que desse ânimos, especialmente, àqueles que se sentem pequenos o pecadores. Sonhava com uma Igreja jovem. Hoje não tenho mais esses sonhos”. Esta afirmação categórica de Martini não é, não pode ser, uma declaração de fracasso, de decepção eclesial, de renúncia à utopia. Martini continua sonhando nada menos do que com o Reino, que é a utopia das utopias, um sonho do próprio Deus.
Ele e milhões de pessoas na Igreja sonhamos com a ‘outra Igreja possível’, ao serviço do ‘outro Mundo possível’. E o cardeal Martini é uma boa testemunha e um bom guia nesse caminho alternativo; o tem demonstrado.
Tanto na Igreja (na Igreja de Jesus que são várias Igrejas) como na Sociedade (que são vários povos, várias culturas, vários processos históricos) hoje mais do que nunca devemos radicalizar na procura da justiça e da paz, da dignidade humana e da igualdade na alteridade, do verdadeiro progresso dentro da ecologia profunda. E, como diz Bobbio, “é preciso instalar a liberdade no coração mesmo da igualdade”; hoje com uma visão e uma ação estritamente mundiais. É a outra globalização, a que reivindicam nossos pensadores, nossos militantes, nossos mártires, nossos famintos...
A grande crise econômica atual é uma crise global de Humanidade que não se resolverá com nenhum tipo de capitalismo, porque não é possível um capitalismo humano; o capitalismo continua a ser homicida, ecocida, suicida. Não há modo de servir simultaneamente ao deus dos bancos e ao Deus da Vida, conjugar a prepotência e a usura com a convivência fraterna. A questão axial é: Trata-se de salvar o Sistema ou se trata de salvar à Humanidade? A grandes crises, grandes oportunidades. No idioma chinês a palavra crise se desdobra em dois sentidos: crise como perigo, crise como oportunidade.
Na campanha eleitoral dos EUA se arvorou repetidamente ‘o sonho de Luther King’, querendo atualizar esse sonho; e, por ocasião dos 50 anos da convocatória do Vaticano II, tem-se recordado, com saudade, o “Pacto das Catacumbas da Igreja serva e pobre”. No dia 16 de novembro de 1965, poucos dias antes da clausura do Concílio, 40 Padres Conciliares celebraram a Eucaristia nas catacumbas romanas de Domitila, e firmaram o Pacto das Catacumbas. Dom Hélder Câmara, cujo centenário de nascimento estamos celebrando neste ano, era um dos principais animadores do grupo profético. O Pacto em seus 13 pontos insiste na pobreza evangélica da Igreja, sem títulos honoríficos, sem privilégios e sem ostentações mundanas; insiste na colegialidade e na corresponsabilidade da Igreja como Povo de Deus e na abertura ao mundo e na acolhida fraterna.
Hoje, nós, na convulsa conjuntura atual, professamos a vigência de muitos sonhos, sociais, políticos, eclesiais, aos quais de jeito nenhum modo podemos renunciar. Seguimos rechaçando o capitalismo neoliberal, o neoimperialismo do dinheiro e das armas, uma economia de mercado e de consumismo que sepulta na pobreza e na fome a uma grande maioria da Humanidade. E seguiremos rechaçando toda discriminação por motivos de gênero, de cultura, de raça. Exigimos a transformação substancial dos organismos mundiais (a ONU, o FMI, o Banco Mundial, a OMC...). Comprometemo-nos a vivermos uma "ecologia profunda e integral", propiciando uma política agrária-agrícola alternativa à política depredadora do latifúndio, da monocultura, do agrotóxico. Participaremos nas transformações sociais, políticas e econômicas, para uma democracia de ‘alta intensidade’.
Como Igreja queremos viver, à luz do Evangelho, a paixão obsessiva de Jesus, o Reino. Queremos ser Igreja da opção pelos pobres, comunidade ecumênica e macroecumênica também. O Deus em quem acreditamos, o Abbá de Jesus, não pode ser de jeito nenhum causa de fundamentalismos, de exclusões, de inclusões absorventes, de orgulho proselitista. Chega de fazermos do nosso Deus o único Deus verdadeiro. “Meu Deus, me deixa ver a Deus?”. Com todo respeito pela opinião do Papa Bento XVI, o diálogo inter-religioso não somente é possível, é necessário. Faremos da corresponsabilidade eclesial a expressão legítima de uma fé adulta. Exigiremos, corrigindo séculos de discriminação, a plena igualdade da mulher na vida e nos ministérios da Igreja. Estimularemos a liberdade e o serviço reconhecido de nossos teólogos e teólogas. A Igreja será uma rede de comunidades orantes, servidoras, proféticas, testemunhas da Boa Nova: uma Boa Nova de vida, de liberdade, de comunhão feliz. Uma Boa Nova de misericórdia, de acolhida, de perdão, de ternura, samaritana à beira de todos os caminhos da Humanidade. Seguiremos fazendo que se viva na prática eclesial a advertência de Jesus: “Não será assim entre vocês” (Mt 21,26). Seja a autoridade serviço. O Vaticano deixará de ser Estado, e o Papa não será mais chefe de Estado. A Cúria terá de ser profundamente reformada, e as Igrejas locais cultivarão a inculturação do Evangelho e a ministerialidade compartilhada. A Igreja se comprometerá, sem medo, sem evasões, com as grandes causas de justiça e da paz, dos direitos humanos e da igualdade reconhecida de todos os povos. Será profecia de anuncio, de denúncia, de consolação. A política vivida por todos os cristãos e cristãs será aquela “expressão mais alta do amor fraterno” (Pio XI).
Nós nos negamos a renunciar a estes sonhos mesmo quando possam parecer quimera. “Ainda cantamos, ainda sonhamos”. Nós nos atemos à palavra de Jesus: “Fogo vim trazer à Terra; e que mais posso querer senão que arda” (Lc 12,49). Com humildade e coragem, no seguimento de Jesus, tentaremos viver estes sonhos no dia a dia de nossas vidas. Seguirá havendo crises e a Humanidade, com suas religiões e suas Igrejas, seguirá sendo santa e pecadora. Mas não faltarão as campanhas universais de solidariedade, os Foros Sociais, as Vias Campesinas, os movimentos populares, as conquistas dos Sem Terra, os pactos ecológicos, os caminhos alternativos da Nossa América, as Comunidades Eclesiais de Base, os processos de reconciliação entre o Shalom e o Salam, as vitórias indígenas e afro, em todo o caso, mais uma vez e sempre, “eu me atenho ao dito: a Esperança”.
Cada um e cada uma a quem possa chegar esta circular fraterna, em comunhão de fé religiosa ou de paixão humana, receba um abraço do tamanho destes sonhos. Os velhos ainda temos visões, diz a Bíblia (Jl 3,1). Li nestes dias esta definição: “A velhice é uma espécie de pós-guerra”; não precisamente de claudicação. O Parkinson é apenas um percalço do caminho e seguimos Reino adentro.