segunda-feira, 7 de setembro de 2020

 Aprendendo sempre / 8

Irmão Hugo Bruno Mombach, FSC (*)

Papa Francisco instituiu “Domingo da Palavra de Deus”

Com a carta apostólica na forma de ‘motu próprio’ Aperuit illis «ABRIU-LHES o entendimento para compreenderem as Escrituras» (Lc 24, 45), o Papa Francisco estabeleceu em setembro de 2019 que “o 3º Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus”. Assim, no passado dia 26 de janeiro toda a Igreja celebrou pela primeira vez a data. O motivo que levou o Papa a promulgar este dia especial foi para responder aos muitos pedidos dos fiéis para que na Igreja se celebre, de modo particular, o Domingo da Palavra de Deus.

Voltando à história, o Papa Francisco recordou que o Concílio Vaticano II “deu grande impulso à redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum”. E seu antecessor Bento XVI em 2008 convocou o Sínodo sobre “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Na época, o atual Papa emérito escreveu a exortação apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para as nossas comunidades”. Nesse documento “se aprofunda o caráter performativo da Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação litúrgica”.

Na história das religiões não faltam iniciativas desenvolvidas ao redor da Palavra. Convém lembrar de modo particular que no Brasil, desde 1971, a Igreja Católica dedica o mês de setembro à reflexão, aprofundamento e vivência da Palavra. Cada ano a CNBB escolhe um livro bíblico para aprofundar.

Ao anunciar essa celebração, o Papa Francisco explicou que “o Domingo da Palavra de Deus se situa num período do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos cristãos, o que não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras indicam, para aqueles que se colocam à escuta, o caminho a ser percorrido para alcançar uma unidade autêntica e sólida”.

Francisco dá algumas orientações práticas de como viver esse domingo “como um dia solene”. O Papa asseverou que “será importante que, na Missa se entronize o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia presente o valor normativo que a Palavra de Deus possui”. E acrescentou que “é fundamental que se faça todo o esforço possível para preparar alguns fiéis a serem verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (…). Os párocos poderão encontrar formas de entregar a Bíblia a toda a assembleia, para fazer emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à leitura orante”.

A Bíblia”, escreveu o Papa, “não pode ser patrimônio só de alguns, e menos ainda uma coletânea de livros para poucos privilegiados. Muitas vezes surgem tendências que procuram monopolizar o texto sagrado, relegando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode ser assim. A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da dispersão e divisão à unidade. A Palavra de Deus une os fiéis e faz deles um só povo”.

E Francisco insistiu: “É necessário que nunca nos aproximemos da Palavra de Deus por mero hábito, mas nos alimentemos dela para descobrir e viver em profundidade nossa relação com Deus e com os irmãos. A Palavra de Deus apela constantemente para o amor misericordioso do Pai, que pede a seus filhos para viverem na caridade. A Palavra de Deus é capaz de abrir nossos olhos, permitindo-nos sair do individualismo que leva à asfixia e à esterilidade, enquanto abre a estrada da partilha e da solidariedade”.

Como já é habito do Papa Francisco, ele concluiu sua carta com uma referência a Maria, que nos acompanha “no caminho do acolhimento da Palavra de Deus. A bem-aventurança de Maria antecede todas as bem-aventuranças pronunciadas por Jesus para os pobres, os aflitos, os mansos, os pacificadores e os que são perseguidos, porque é condição necessária para qualquer outra bem-aventurança”.

Fonte web: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-09/papa-francisco-institui-domingo-palavra-deus.html

(*) Irmão Hugo Bruno Mombach é religioso lassalista desde 11/02/1966 e jornalista profissional (Reg.4065 DRT/RS).

Publicada dia 06 de março de 2020.

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