Aprendendo sempre / 8
Irmão Hugo Bruno Mombach, FSC (*)
Papa Francisco instituiu “Domingo da Palavra de Deus”
Com a carta apostólica na forma
de ‘motu próprio’ Aperuit illis «ABRIU-LHES
o entendimento para compreenderem as Escrituras» (Lc 24, 45), o Papa
Francisco estabeleceu em setembro de 2019 que “o 3º Domingo do Tempo Comum seja dedicado à celebração, reflexão e
divulgação da Palavra de Deus”. Assim, no passado dia 26 de janeiro toda a
Igreja celebrou pela primeira vez a data. O motivo que levou o Papa a promulgar
este dia especial foi para responder aos muitos pedidos dos fiéis para que na
Igreja se celebre, de modo particular, o Domingo da Palavra de Deus.
Voltando à história, o Papa
Francisco recordou que o Concílio Vaticano II “deu grande impulso à
redescoberta da Palavra de Deus com a Constituição Dogmática Dei Verbum”. E seu antecessor Bento XVI em
2008 convocou o Sínodo sobre “A Palavra
de Deus na vida e na missão da Igreja”. Na época, o atual Papa emérito
escreveu a exortação apostólica Verbum Domini, que “constitui um ensinamento imprescindível para
as nossas comunidades”. Nesse documento “se aprofunda o caráter performativo da
Palavra de Deus, sobretudo quando o seu caráter sacramental emerge na ação
litúrgica”.
Na história das religiões não
faltam iniciativas desenvolvidas ao redor da Palavra. Convém lembrar de modo
particular que no Brasil, desde 1971, a Igreja Católica dedica o mês de
setembro à reflexão, aprofundamento e vivência da Palavra. Cada ano a CNBB
escolhe um livro bíblico para aprofundar.
Ao anunciar essa celebração, o
Papa Francisco explicou que “o Domingo da Palavra de Deus se situa num período
do ano que convida a reforçar os laços com os judeus e a rezar pela unidade dos
cristãos, o que não é uma mera coincidência temporal: celebrar o Domingo da
Palavra de Deus expressa um valor ecumênico, porque as Sagradas Escrituras
indicam, para aqueles que se colocam à escuta, o caminho a ser percorrido para
alcançar uma unidade autêntica e sólida”.
Francisco dá algumas orientações
práticas de como viver esse domingo “como
um dia solene”. O Papa asseverou que “será importante que, na Missa se entronize
o texto sagrado, de modo a tornar evidente aos olhos da assembleia presente o
valor normativo que a Palavra de Deus possui”. E acrescentou que “é fundamental
que se faça todo o esforço possível para preparar alguns fiéis a serem
verdadeiros anunciadores da Palavra com uma preparação adequada (…). Os párocos
poderão encontrar formas de entregar a Bíblia a toda a assembleia, para fazer
emergir a importância de continuar na vida diária a leitura, o aprofundamento e
a oração com a Sagrada Escritura, com particular referência à leitura orante”.
“A Bíblia”, escreveu o Papa, “não
pode ser patrimônio só de alguns, e menos ainda uma coletânea de livros para
poucos privilegiados. Muitas vezes surgem tendências que procuram monopolizar o
texto sagrado, relegando-o para alguns círculos ou grupos escolhidos. Não pode
ser assim. A Bíblia é o livro do povo do Senhor que, escutando-a, passa da
dispersão e divisão à unidade. A Palavra de Deus une os fiéis e faz deles um só
povo”.
E Francisco insistiu: “É
necessário que nunca nos aproximemos da Palavra de Deus por mero hábito, mas
nos alimentemos dela para descobrir e viver em profundidade nossa relação com
Deus e com os irmãos. A Palavra de Deus apela constantemente para o amor
misericordioso do Pai, que pede a seus filhos para viverem na caridade. A
Palavra de Deus é capaz de abrir nossos olhos, permitindo-nos sair do
individualismo que leva à asfixia e à esterilidade, enquanto abre a estrada da
partilha e da solidariedade”.
Como já é habito do Papa Francisco,
ele concluiu sua carta com uma referência a Maria, que nos acompanha “no caminho do acolhimento da Palavra de
Deus. A bem-aventurança de Maria antecede todas as bem-aventuranças
pronunciadas por Jesus para os pobres, os aflitos, os mansos, os pacificadores
e os que são perseguidos, porque é condição necessária para qualquer outra
bem-aventurança”.
Fonte web: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-09/papa-francisco-institui-domingo-palavra-deus.html
(*)
Irmão Hugo Bruno Mombach é religioso
lassalista desde 11/02/1966 e jornalista
profissional (Reg.4065 DRT/RS).
Publicada dia 06 de março de 2020.
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