Aprendendo sempre
Irmão Hugo Bruno Mombach, FSC (*)
Papa Francisco convoca Pacto Educativo Global para
maio
Em meados de dezembro do ano passado o secretário da
Congregação para a Educação Católica, dom
Vincenzo Zani, apresentou em Roma a todos os embaixadores junto à Santa Sé
a mensagem do Papa Francisco para o lançamento do Pacto Global pela Educação. O arcebispo traçou um percurso de
preparação e aproximação, com os representantes diplomáticos, para o grande
evento previsto para maio deste ano.
A iniciativa se insere no percurso traçado desde o Concílio
Vaticano II até hoje no que diz respeito à educação e vê no Papa Francisco o
Pontífice que sublinha – talvez bem mais que todos os outros – o aspecto
educacional como um instrumento importante para formar as gerações futuras,
destacando o conceito de “pacto
educacional”, com o objetivo de criar sinergias
entre todas as pessoas que trabalham nos vários campos da vida social, civil,
política e econômica, para investir as melhores energias em favor das gerações
futuras.
O motivo que levou o Papa a assumir essa iniciativa foi
porque ele recebeu vários pedidos e perguntas – não somente de ambientes
cristãos católicos, mas também de não cristãos e não católicos – solicitando ao
Santo Padre para promover um momento oficial mundial a fim de chamar a atenção
para esse assunto. Nesse sentido, antes de falar da centralidade da pessoa, o
Papa Francisco em sua mensagem introduz outro conceito, ao citar um ditado
africano que afirma: “Para educar uma
criança é necessária uma aldeia inteira”. Assim, ele sublinha ainda mais a
necessidade dessa sinergia, da aliança entre todos, com todos os instrumentos
possíveis, ou seja, com percursos educacionais formais e informais. Não há
somente a escola, não há somente a universidade. Existem muitos aspectos na
vida de uma pessoa que podem ser conjugados em chave educacional.
Nesse pacto educacional deve haver uma aliança
entre família e escola e entre família e educadores, para encontrar um âmbito
comum de colonizações ideológicas que crie a uma pessoa humana capaz de
enfrentar os desafios de amanhã. E o Papa Francisco diz isso claramente: “Primeiro uma
aliança entre todos as componentes da pessoa, para ajudar a pessoa a se
integrar em si mesma; uma educação integral entre todas as dimensões da pessoa,
para depois então ser ajudada a viver a relação entre estudo e vida, e também
entre gerações”. Portanto, isso requer um grande acordo entre professores,
alunos, famílias e sociedade com todas as suas expressões. A família em
primeiro lugar, mas também todas as outras expressões da vida social, ou seja,
as expressões intelectuais, científicas, artísticas, esportivas, políticas e
empresariais. Nesse sentido, todos são destinatários do encontro de 14 de maio:
todas as expressões da vida social e civil, os prêmios Nobel da Paz, os
representantes das religiões e os representantes ecumênicos. Devemos colocar
para fora tudo o que há de positivo, e é muito, e já existe no mundo, para dar
essa conotação estratégica e positiva do investimento das melhores energias.
Existe um ponto comum a partir do qual dar
impulso? A indagação foi do Vatican News. Dom Zani respondeu que “o dia 14 de maio não é o ponto de chegada, e sim o ponto de
partida. E nos meses anteriores haverá 13 conferências, seminários e fóruns de
preparação para aprofundar as várias facetas da educação e chegar a 14 de maio
com um relatório a ser enviado aos representantes das várias expressões da vida
social, civil, política e religiosa e, a partir daí, começar com os objetivos,
que serão os compromissos sucessivos”. E acrescentou: “Queremos compartilhar esse momento com os embaixadores que têm ligação
com os diferentes países do mundo para ilustrar o objetivo e também dar-lhes
algumas indicações. Já foram constituídos comitês na América Latina e na
África. Essa mensagem já chegou ao seu destino e temos uma onda que retorna
muito, muito interessante. Com os embaixadores, queremos discutir juntos”.
No Brasil, tal como em muitos outros países do
mundo, o assunto também está merecendo grande atenção por parte da Igreja
Católica. Nesse sentido, as diretorias da CNBB, CRB e ANEC estão trabalhando em
conjunto no objetivo de “renovar a paixão por uma educação alicerçada nos
princípios do humanismo solidário em prol das futuras gerações”, atendendo a
convocação do Papa Francisco para celebrar o “Pacto Educativo Global”, a ser realizado em Roma em maio de 2020.
Este Pacto se insere nas comemorações dos cinco anos da Encíclica “Laudato sí”
e da assinatura do documento sobre Fraternidade Humana, em visita aos países
unidos dos Emirados Árabes, que propõe gerar uma mudança de mentalidade em
escala planetária por meio da educação.
A contínua transformação do mundo contemporâneo,
tanto em nível cultural quanto antropológico, exige uma educação que
possibilite à pessoa humana estabelecer relações fraternas e sempre abertas ao
outro. A imagem tomada pelo Papa do provérbio africano – “para educar uma
criança é necessária uma aldeia inteira” –, expressa bem a necessidade de
renovar o compromisso de toda sociedade, a fim de que as futuras gerações sejam
educadas para o diálogo e a fraternidade.
Neste sentido, a Igreja no Brasil, por meio da
Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB, a Associação
Nacional de Educação Católica (ANEC) e a Conferência dos Religiosos do Brasil
(CRB) propõem um caminho de vivência e partilha em preparação à celebração desse
“Pacto Educativo Global”. Para que
esse tempo seja fecundo, são incentivadas ações propositivas e partilhas de
experiências que possam aprofundar a dimensão antropológica, comunicativa,
cultural, econômica, geracional, inter-religiosa, pedagógica e social do Pacto
Global.
O lançamento nacional do Pacto acontecerá em
Brasília, na sede da CNBB, no dia 31 de janeiro e no 3º Fórum Nacional de
Agentes de Pastoral e 6º Fórum Nacional de Educação Básica da ANEC, no dia 16
de abril 2020. Além disso, outras atividades serão organizadas nos Regionais no
decorrer do ano, e um guia de orientação será publicado no final de janeiro
2020. Com isso, cada escola, universidade e comunidade é chamada a promover
momentos de estudo e reflexão sobre a proposta do Pacto Educativo Global.
O chamado a reconstruir o Pacto Educativo Global é um apelo a cada pessoa para que se torne “protagonista desta aliança, assumindo o
compromisso pessoal e comunitário de cultivar, juntos, o sonho de um humanismo
solidário, que corresponda às expectativas da humanidade e ao desígnio de Deus”.
Com
informações da CRB Nacional: http://crbnacional.org.br/o-papa-francisco-convoca-a-celebracao-do-pacto-educativo-global/ e http://crbnacional.org.br/cnbb-anec-e-crb-lancam-o-pacto-educativo-global-em-brasilia/
(*) Irmão Hugo Bruno
Mombach é religioso lassalista há 54 anos e jornalista profissional (Reg.4065 DRT/RS).
Publicada dia 31 de janeiro de 2020.
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