Aprendendo sempre
Irmão Hugo Bruno Mombach, FSC (*)
Fofoqueiros são pessoas que
matam os outros
“Fiquem atentos. O fofoqueiro é um terrorista,
porque com a sua língua lança a bomba”.
O Papa Francisco comentou o oitavo mandamento – “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” – em sua
catequese semanal de quartas-feiras, dia 15.nov.2018. Aos milhares de fiéis e
peregrinos reunidos na Praça São Pedro, o Pontífice explicou o significado
profundo da verdade. Este mandamento ensina que não podemos falsificar a
verdade em nossas relações com os outros.
“Viver de comunicações não
autênticas é grave, porque impede as relações e, portanto, o amor. Onde há
mentira, não pode haver amor. E quando falamos de comunicação entre as pessoas
não entendemos somente as palavras, mas também os gestos, as atitudes e até
mesmo os silêncios e as ausências. “Uma pessoa fala com tudo aquilo que é e o
que faz. Todos nós vivemos comunicando e estamos continuamente num frágil
equilíbrio entre a verdade e a mentira”.
O que significa dizer a verdade? – Perguntou Francisco. É algo que vai além do nosso ponto de vista ou a
revelação de fatos pessoais ou reservados. É um modo de manifestar o amor.
“As fofocas matam”, recordou o
Papa. “É o que disse o apóstolo Tiago na
sua carta. Os fofoqueiros são pessoas que matam os outros porque a língua mata
como uma faca. Fiquem atentos. O fofoqueiro é um terrorista, porque com a sua
língua lança a bomba e vai embora e esta bomba destrói a fama dos outros.
Fofocar é matar, não esqueçam”.
Francisco prosseguiu explicando que as palavras “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” pertencem à
linguagem jurídica. Os Evangelhos culminam com a narração do processo, da
execução da sentença contra Jesus e sua consequência inaudita. Jesus, quando
interrogado por Pilatos, disse que veio a este mundo para dar testemunho da
verdade.
A verdade, portanto, encontra sua plena realização na própria pessoa de
Jesus, no seu modo de viver e de morrer, fruto da sua relação com o Pai. E esta
existência como filho de Deus Jesus a doa também a nós. Em cada ato, o ser humano
afirma ou nega esta verdade. “Eu sou uma
testemunha da verdade ou sou um mentiroso fantasiado de verdadeiro? Cada um se
questione”, recomendou o Papa.
A verdade não se limita a discursos, mas é um modo de existir, de viver.
A verdade é a revelação maravilhosa de Deus, do seu rosto de Pai, do seu amor
sem limites. Esta verdade corresponde à razão humana, mas a supera
infinitamente.
E o Papa Francisco então concluiu assim sua catequese semanal: “Não levantar falso testemunho quer dizer
viver como filhos de Deus, que jamais desmente a si mesmo, jamais mente,
deixando emergir em cada ato a grande verdade: que Deus é Pai e é possível
confiar Nele. Eu confio em Deus, esta é a grande verdade. E dessa nossa
confiança em Deus Pai, de que Ele nos ama, nasce a minha verdade e o ser
verdadeiro e não mentiroso”.
(*)
Irmão Hugo Bruno Mombach é religioso
lassalista desde 1966 e
jornalista profissional (Reg.4065 DRT/RS).
Publicada no jornal “Tribuna Livre” de Santo Cristo/RS
dia 30 de abril de 2020.
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