Pacto
Educativo Global
Padre Sandoval
Alves Rocha, SJ – dia 05 de novembro de 2021
Já passa de um ano o lançamento do Pacto Educativo
Global (15 de outubro de 2021) em que o Papa Francisco convida o mundo católico
a se mobilizar em torno de uma educação que favoreça um novo humanismo engajado
na formação de sociedades solidárias, proféticas e sustentáveis. Tal Pacto ecoa
as preocupações do pontífice que busca responder aos desafios contemporâneos
das nossas sociedades.
Esta nova iniciativa apresenta uma proposta
educacional diferente das formações e mentalidades orientadas para a
intolerância, o racismo, a violência e a devastação ambiental. O Pacto propõe
resgatar uma educação que considere a complexidade do ser humano e sua relação
com o meio ambiente. Não convêm que o ser humano se reduza à vida econômica e
tecnológica, ignorando tantas outras potencialidades, como a alteridade, a
espiritualidade, a gratuidade e a solidariedade.
A educação não pode ser reduzida aos aspectos
acadêmicos e intelectuais, projetando-se como uma prática desconectada da
realidade socioambiental. É necessário que ela forme o ser humano na sua
integralidade lançando-o na construção de sociedades democráticas e plurais. É
uma educação integral que respeita a complexidade e a diversidade de formas de
vida, questionando o modelo econômico e social que provoca doenças físicas e
psicológicas, desigualdades sociais e a deterioração planetária.
Na Carta Laudato Si (2015), Francisco adverte sobre
a importância de uma mudança de rota, mostrando a necessidade de que a
humanidade mude sua forma de habitar o Planeta em virtude dos impactos
prejudiciais causados pelo nosso estilo de vida ao meio ambiente e a manutenção
das nossas sociedades e da humanidade. Trata-se de criar ou permitir a
emergência de estilos de vida mais sintonizados com a natureza e com as
necessidades reais dos seres humanos e não humanos.
A Educação propugnada pelo Pacto Global ressalta a
responsabilidade de ser humano como cuidador do planeta, competindo a ele
desenvolver sociabilidades dialógicas e abertas ao conhecimento e
reconhecimento dos outros como sujeitos de direitos e dignidades invioláveis.
Estilos de vida capazes de interagirem respeitosamente com a natureza e menos
capturados pela tirania do dinheiro e do consumismo desenfreado. Subjetividades
dispostas a se mobilizarem pela construção da paz e colocarem em curso
iniciativas que promovam o bem comum e a fraternidade universal.
Trata-se de fomentar posturas colaborativas que
procuram estabelecer vínculos e redes abrangentes dispostas a encontrar
soluções para os principais problemas da humanidade, levando em consideração as
necessidades das populações mais vulneráveis e reconhecendo o seu direito de
viver decentemente e livres de coações e agressões.
O Pacto Educativo Global constitui mais uma semente
lançada do mundo que procura produzir frutos de esperança neste terreno já
bastante castigado pela violência, pela indiferença e pela devastação
ambiental. É temível que o mundo educativo seja capturado pela economia de
mercado para responder a interesses estreitos e reducionistas, mas espera-se
dele que desempenhe papel relevante na formação de sociedades capazes de
levarem a termo a realização da vida, inclusive da vida humana.
*Sandoval
Alves Rocha é doutor em Ciências Sociais pela PUC-Rio, mestre em Ciências
Sociais pela Unisinos/RS, bacharel em Teologia e bacharel em Filosofia pela
Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (MG). Membro da Companhia de Jesus
(Jesuíta), atualmente é professor da Unisinos e colabora no Serviço Amazônico
de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares), sediado em Manaus/AM.
Fonte web: https://amazonasatual.com.br/pacto-educativo-global/
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