sexta-feira, 18 de julho de 2008

aos amigos agricultores

Como homenagem aos irmãos agricultores, que na próxima sexta-feira celebram o seu dia, a postagem é da mensagem do bispo de Santa Cruz do Sul, também ele, como eu, filho de agricultores que desde cedo aprenderam a cultivar a terra...
A espiritualidade do agricultor
Dom Sinésio Bohn, bispo de Santa Cruz do Sul – 18/07/2008
Celebramos na segunda metade de Julho o Dia do Colono ou do Agricultor. Desejo que nosso povo do campo seja feliz. Daí as considerações sobre a espiritualidade do agricultor.
O monge Marcelo de Barros e o jesuíta José Caravias escreveram uma bela obra sobre a “Teologia da Terra”. Inspiro-me nela.
A raiz da espiritualidade está em nossa relação com Deus. Brota da fé em Deus, se alimenta da leitura da Palavra de Deus, da participação da liturgia qual fonte de graça, da oração pessoal e comunitária. Quando as pessoas se desumanizam, destilam mau humor e amargura, perdem a esperança e a coragem de lutar. Entre as causas está a falta de oração. A oração unifica nosso ser, dá unidade interior. Em síntese: A fé não vive sem oração.
Há cristãos de espiritualidade puramente individual e intimista, feita de sentimento do coração, sem compromisso com a vida, sem vínculo de solidariedade com o povo lavrador. É uma espiritualidade manca, de muletas.
A fé adulta é comunitária, militante, de braços dados com as organizações de classe, como os sindicatos, com a defesa dos direitos humanos, inclusive econômicos e políticos. A fé adulta é participativa e solidária.
A falta de espiritualidade torna a pessoa insensível e selvagem na sua relação com a terra. Visa unicamente o lucro, destruindo a vida com veneno, queimadas, etc.
A pessoa com espiritualidade humaniza a relação com a terra, a trata como mãe da vida, merecedora de cuidado, mesmo de carinho.
João Paulo II resumiu assim a espiritualidade dos agricultores: “Vós sois chamados a prestar um serviço aos homens-irmãos, em contato com a natureza, colaborando diretamente com Deus, Criador e Pai, para que nosso planeta – a Terra – seja cada vez mais conforme aos seus desígnios, o ambiente desejado para todas as formas de vida: a vida das plantas, a vida dos animais e sobretudo, a vida dos homens’’.
O povo das cidades espera dos agricultores alimentos sadios e abundantes. Por sua vez, a população urbana é chamada a reconhecer a dignidade dos trabalhadores rurais. É ainda de João Paulo II o alerta na ONU (02/10/1970): “Urge traduzir a parábola do rico malvado em termos econômicos e políticos”. Seria assim: o rico malvado e o pobre agricultor.
Espiritualidade é abertura para o amor. Obrigado, povo rural, que alimenta a população e preserva a nossa mãe terra. Deus o proteja, renove sua esperança e o abençoe.
Fonte: http://catolicanet.com/?system=news&action=read&id=49040&eid=301

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