quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Como vivem as pessoas simples em Moçambique


Admiração e assombro ao chegar a Guiúa
Num olhar desarmado, encontra-se uma indumentária simples e modesta que esconde algo mais. É o moçambicano que recebe, que sorri, como se vivesse sempre no corpo de uma criança e que acolhe estranhos como irmãos.
O brilho nos olhos e a espontaneidade são uma constante que descreve a aparência humilde num interior profundo que, mesmo repleto de cicatrizes e esculpido pelas heranças coloniais, ainda abraça o desconhecido e o recebe de braços abertos. Seria ousado dizer que entramos no coração da população da mesma maneira que ela entra em nosso coração. Essa confiança é uma luta que vamos travando diariamente, à espera, talvez, de tocar alguém no coração da mesma maneira que eles tocam no nosso.
Aqui a religião, seja ela qual for, tem outra cor, outro sentido que se foi perdendo na Europa moderna e globalizada. Mais do que os dogmas ou crenças, a palavra de Deus toca o ser humano na linguagem que ele percebe, que ele recebe sem vocabulários cuidados e que interioriza, conduzindo a uma filosofia de vida e a refletir os valores que retira dos credos que professa.
África não precisa de coisas caras ou tecnologias mais avançadas para ser feliz. O consumismo que oferece alegrias efêmeras nos continentes de “primeiro mundo” não faz falta aqui. África precisa, sim, de viver mais, de ter a longevidade para aspirar a algo mais, para ter um sorriso durante mais tempo e de chorar menos o fardo da mortalidade. Acabar com os “pensos rápidos” e tratar a enfermidade como se fosse ela mesma nossa. Pensarmos que tudo aqui é mais vagaroso é fruto do esquecimento do sabor de viver duma forma em que o tempo pára e tudo se desfruta em câmara lenta.
A beleza natural envolve-nos em todos os olhares, em todos os sítios em que paramos. Desde a imensidão das palmeiras e do mar imenso aos sorrisos naturais e espontâneos das crianças que caminham de pés descalços na terra vermelha. Vir à África é reaprender a viver, é voltar a nascer, é ver com o coração. Aqui as palavras do “principezinho” traduzidas em tantas línguas têm o sentido que procuramos a vida inteira: “Só se vê bem com o coração; “o essencial é invisível aos olhos”.
Fonte: http://www.paroquiasantoafonso.org.br